No ano de 2005 cheguei a Vila de Santo Antônio, na margem do rio Uiratapuru, no sul do Amapá. Minha missão ali era a de documentar os três dias do seminário do plano de manejo daquela RDS – Reserva de Desenvolvimento Sustentável, evento promovido pelo WWF/Brasil que contou com a participação de ongs de peso, como o Mercado da Floresta e o Greenpease, além de setores do governo do estado ligados ao meio ambiente e ao desenvolvimento econômico.
Quatorze anos depois, a vila ainda existe, mas a quinhentos metros daquela onde se realizou o seminário. A vila original foi a pique com as águas da barragem da Usina Hidrelétrica de Santo Antônio do Uiratapuru. Reconstruída a 500 metros da original, a nova vila abriga em torno de 300 moradores que contam com posto de saúde, casas amplas e bem estruturadas, campo de futebol e a igreja.
No ano de 2005, à época do seminário do plano de manejo da RDS do Uiratapuru, mais de uma dezena de ONGs, do Brasil e do exterior circulavam pelas trilhas que faziam a vez das ruas da pequena vila. O motivo de todo aquele interesse na vila de casebres de madeira num dos estados mais preservados da Amazônia, e com um dos menores PIBs do país, devia-se ao fato de que dali estava se materializando o que até então era considerado como quase utópico, o desenvolvimento sustentável de uma comunidade que apostou que entendeu que a preservação do ambiente em que viviam poderia muito bem se transformar num ativo econômico importante e/ou valor agregado ao preço final da hectolitro da castanha do Brasil ali colhida e beneficiada.
Mas a luta daquela comunidade de extrativistas não foi fácil. Grande foi o esforço de mudar comportamentos e perspectivas de negócios dos coletores de castanha, que vendiam sua produção aos atravessadores, que, por sua vez, impunham os preços a serem pagos por cada hectolitro ou barrica de castanha colhida.
Foi necessário um trabalho de catequização para que as pessoas entendessem que o melhor caminho a ser seguido não era outro se não o do cooperativismo.
Na década de 1990, a Vila foi fundada e 1991, nasceu a Cooperativa Mista dos Produtores e Extrativistas do Rio Iratapuru (Comaru), que passou a beneficiar ali mesmo as castanhas e a produzir seus subprodutos, como o óleo e o biscoito, este último vendido às escolas da capital, Macapá, de Santo Antônio, o desafio imposto era o de eliminar a figura do atravessador para transformar os extrativistas protagonistas de sua própria história.
No começo dos anos 2000, a Vila de São Francisco erguia sua fábrica de beneficiamento e produção de biscoitos de castanha, que também extraía o óleo da castanha que era vendido à Natura Cosméticos, primeiro grande cliente/parceiro dos extrativistas.
Outro ponto importante na virada de mesa dos coletores, foi o fato deles perceberem que precisavam se instrumentalizar, adquirir conhecimento no âmbito da administração.
Recentemente a OCB promoveu o I Concurso Fotográfico “Pelas lentes do cooperativismo amapaense”. O primeiro lugar do concurso saiu para a Cumaru, através do olhar da cooperada Bruna Oliveira Ferreira, que fotografou o processo de beneficiamento artesanal da castanha para a produção dos subprodutos.
Bruna é mãe de Eudmar Viana, um dos primeiros jovens da Vila de São Francisco a deixar a floresta para ir à selva de pedra em busca de formação acadêmica para modernizar os processos e a administração dos negócios.
“Recentemente minha irmã esteve na Unifap e UEAP fazendo palestra com exposição fotográfica do nosso trabalho”, declarou Eudmar que aproveitou para anunciar que “Estamos finalizando projeto para uma nova fábrica, mais moderna. A construção como no início de 2020”.
O trabalho de formiguinha começado na Vila de Santo Antônio do Uiratapuru mostra o quanto o cooperativismo pode mudar as pessoas, e as estas a realidade onde vivem, para melhor.
Autor: Manoel do Vale
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